quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
The Big Bang Theory, muito além do clichê nerd
Este artigo foi publicado originalmente em 1/9/2009 e foi alterado e corrigido para esta versão do blog.
Há algum tempo atrás (possivelmente uns 2 anos) vi no canal da Warner a propaganda de uma série com um grupo de nerds e sua vizinha bonitona. Volta e meia era apresentado uma cena no meio do comercial, até me lembro que em uma delas os nerds estavam cantarolando a música tema de “2001 – Uma Odisséia no Espaço”. Meu interesse na série dos nerds era zero. Por quê? Porque simplesmente parecia clichê demais pro meu gosto. Jamais imaginaria naquela época que a “séries dos nerds” iria me viciar de tal jeito que me levaria a escrever reviews sobre ela, mesmo que fossem “mais superficiais” que o normal.
O caso é que The Big Bang Theory é muito mais do que uma série sobre um grupo de nerds. É uma das sitcoms mais bem escritas e produzidas da TV americana. Duvida? Basta acompanhar seus episódios com muita atenção e você verá a evolução que ocorreu na produção em suas duas temporadas. Inclusive, esse é um dos focos que os reviews que tenho escrito. Resumindo um pouco do que a série tem de bom, vamos analisar alguns fatores.
Elenco carismático
Básico para qualquer série de sucesso. Seus 5 protagonistas são personagens carismáticos, que agradam a todo o público. Mesmo os quatro amigos sendo taxados de nerds, eles apresentam personalidade própria.
Leonard é o que tem o maior entendimento das convenções sociais, algo que volta e meia os garotos esbarram. Profundamente sentimental e romântico, viu em Penny a mulher de seus sonhos e não mede esforços em agrada-la. Como até o momento Leonard não sofreu nenhuma rejeição da moça, podemos dizer que ele está se dando bem nessa área. Ele é físico experimental, tem um QI alto e foi criado por pais também extremamente inteligentes. Mas não dá tanta importância a isso, como o Sheldon, por exemplo.
Sheldon representa o extremo que uma pessoa pode chegar com uma inteligência baseada por muitas vezes na lógica e na racionalidade. Sheldon parece enxergar o mundo como um ser de outro planeta, que vê os hábitos da humanidade como objetos de estudo. Valoriza demais a física por ela explicar o funcionamento do mundo, mas não consegue entender bem como o mundo funciona pelo prisma social. Isso o priva de entender sarcasmos, indiretas, e até mesmo muitas piadas. O personagem foi claramente criado pela inspiração de outro personagem bem conhecido, o Spock de Star Trek. Aliás, Sheldon é fã confesso do alien totalmente racional, mas assim como seu ídolo, Sheldon tem sim sentimentos, que nem sempre sabe bem como expressa-los. Um exemplo disso foi visto no episódio de natal da segunda temporada. Explorar o lado sentimental de Sheldon levou a um dos momentos mais cômicos da série. Tentando medir a reciprocidade de um presente por valores monetários, Sheldon acaba sendo surpreendido por um presente que realmente não tinha preço. Como corresponder a algo assim? Ele dá um abraço em sua amiga Penny para tentar compensar isso.
Raj é o personagem mais quieto da série. Sua timidez ao ficar próximo de mulheres bonita o impede de falar com elas. Aliás o impede de falar com qualquer um a sua volta naquele momento. Já vi garotos como Raj, que não ficam totalmente mudos como o indiano, mas que travam muito na hora de falar. O personagem também dialoga bastante com a questão de sua nacionalidade e a forma como os americanos em geral vê pessoas como ele. Apesar de vir de um país de cultura bem diferente da ocidental, ele se adapta muito bem aos costumes americanos e muitas vezes foge dos clichês, como evitar um bufê de comida indiana, por já ter comido isso sua vida toda. E também ao contrário da situação de muitos indianos nos EUA, Raj vem de uma família de classe média, que não passa por nenhum tipo de dificuldade financeira. Ele estuda astronomia e inclusive chegou a aparecer na revista People como um dos jovens mais promissores de seu tempo.
Howard poderia muito bem ser mais um mulherengo que bate cartão em séries de comédia. Mas ele não é tão comum quanto aparenta. Ele é engenheiro espacial, tendo inclusive projetado um vaso sanitário para a estação especial internacional. Pode não parecer grande coisa, mas no mundo de Howard é sim. É o único do grupo que não tem doutorado e algumas vezes passa por certos constrangimentos por conta disso. Típico judeu que vive com a mãe, ele é famoso por suas cantadas cretinas. Em Penny mesmo, já passou várias delas, tendo nenhum resultado. Mas chegou muito perto da vizinha de Leonard, quando ela o consolou depois de dizer a ele o quanto era patético. Geralmente se veste como estivesse nos anos 70. Junto com Leonard, ele é um dos faladores do grupo, suas noções sociais só se distorcem em relação as mulheres, e ao contrário de Raj, ele é confiante até demais.
Penny é a única garota do grupo, que conheceu ao se mudar para o mesmo andar em que vive Leonard e Sheldon. Trabalha como garçonete num restaurante, mas tem o sonho de ser atriz, e por isso se muda para a California. Ela logo chama a atenção de todos os quatro, deixando Leonard completamente caidinho por ela. Ela parece também gostar do amigo nerd, mas não teve coragem suficiente para investir num relacionamento com alguém tão diferente. E em nenhum momento Penny demonstrou ter preconceito com os garotos, o que a fez ser aceita não só por eles, como também pelo público. No começo ela até pode ter tirado um pouco de vantagem por saber da disposição de Leonard em lhe ajudar, mas com o passar do tempo sua relação com todos eles foi de uma amizade muito sincera.
Fora o elenco, The Big Bang Theory, tem um time de roteiristas muito criativo, que soube levar a trama da série de forma muito competente, evitando, mas ao mesmo tempo, brincando com os clichês relativos aos nerds. Falaremos disso em outra parte dessa análise.
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