sexta-feira, 29 de março de 2013

Formulinhas Desgastadas - Series Investigativas



Uma coisa eu admiro: a capacidade que roteiristas e produtores tem de criar histórias mirabolantes, com desenrolares diferentes e finais surpreendentes. Ou quase sempre. Eu acho isso o máximo, de verdade, pois não é fácil ser original sempre. Ou na maioria das vezes.

Mas tem coisas que não mudam, nunca, e é sobre isso que eu esmiuçar nesse texto. A série que usarei como base nesse questionamento é Bones. Uma equipe de profissionais forenses e um investigador do FBI se unem para desvendar assassinatos de corpos que já estão num estado avançado de decomposição. OK, idéia original, já que nenhuma outra série foca exatamente nesse ponto da questão. OK.

Um corpo é encontrado, se conclui que foi assassinato, investigações são feitas, exames e mais exames acontecem, até que se encontra o culpado e ele é preso. Digamos que isso ocorre em 99,9% dos casos. Por que isso é absurdo, você pode se perguntar, porque é um exagero eu digo, se você notar os procedimentos que ocorrem quase sempre nesses episódios.

1 - O autor do crime é alguém que já foi interrogado durante a investigação. Geralmente bem no começo do caso.

2 - O culpado é sempre descoberto. Sempre. Tudo bem, não existe crime perfeito, mas achar TODAS as vezes é forçar a barra. É claro que por se tratar de uma série, o culpado precisa ser apontado, senão você vai chutar sua TV e nunca mais querer ver aquela série. Em Bones só deixam um caso em aberto quando se trata do vilão da temporada, que será revelado ou punido (ou os dois) no final dela.

3 - O culpado confessa  Essa parte então é a pior, porque na vida real a maioria das pessoas negam o crime, mesmo com as evidências mais óbvias do mundo. As coisas quase sempre se resolvem no tribunal. É muito raro em Bones alguns dos acusados dizer "Ah, quero ver você provar isso no tribunal" ou algo assim. Eles se entregam facilmente.

Em outras séries de investigação a coisa segue por esse rumo, algumas com certos atenuantes. Como Castle, que chega no assassino por conta de algum momento de epifania que o autor tem conversando com sua mãe ou sua filha. Isso chega até a ser cômico em certos momentos. Mas chegaram a parar um pouco de fazer isso.

A diferença na questão de descobrir o assassino, é que em Castle eles geralmente suspeitam de várias pessoas diferentes durante o episódio até chegar no verdadeiro culpado, que surge bem no final da investigação. Pode ser alguém já entrevistado ou alguém completamente novo na trama do dia. O autor nem sempre confessa, mas na maioria das vezes sim. Acho que tirando a parte dos insights do Castle, é um pouco menos previsível que Bones no quesito de seguir a velha formulazinha. Mas ainda assim não foge muito dela.

No começo de Bones ainda víamos a equipe se preparar para falar em juízo dos casos investigados, ultimamente isso só acontece com o caso de Pelant, o grande vilão da série até agora. Em Castle não me lembro sequer de Kate ou seus colegas irem a juri para falar de algum caso. Não há caso perfeito de adequação à realidade, não é isso o que queremos, mas fugir um pouco da rotina faz bem para qualquer história.

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